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Foto do escritorMarcos Vinícius de Lima

O que é uma casa eficiente?

Atualizado: 29 de fev.

Para entender o que significa eficiência energética em uma casa, precisamos primeiro entender o contexto de produção e consumo de energia de uma residência.





No cenário nacional, conforme o último relatório do Balanço Nacional de Energia (BEN, 2023) o consumo de energia elétrica no ano de 2022 aumentou 2,3% em relação ao ano de 2021, com destaque para os setores industrial e residencial, que participaram com 37% e 27% respectivamente.


As edificações no Brasil são responsáveis por 51,2% do consumo final de energia elétrica, de acordo com o Balanço Energético Nacional, sendo que o setor residencial fica atrás somente do setor industrial em consumo, sempre apresentando aumento de 3% em média por ano. Ou seja, cada vez mais casas são construídas e a ascensão social leva a um maior consumo residencial, acarretando em uma demanda maior de energia todos os anos.


Sabemos que não é somente de energia elétrica que vive uma família. Temos o GLP utilizado na cozinha e aquecimento, a lenha que ainda é muito presente principalmente nas casas rurais, e uma fonte recente tem ganhado muita atenção, a energia solar térmica, que é utilizada para aquecimento de água. O aumento do uso de aquecimento solar de água foi de 80% no ano de 2022 somente no setor residencial. Um crescimento acelerado e que ainda tem muita margem para continuar a crescer.


Consumo Residencial. BEN, 2023.

E como se usa energia elétrica dentro de casa?


Cada família pode ter seus hábitos distintos, horários e preferências. De forma acadêmica, em 2019, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) divulgou os resultados da quarta Pesquisa de Posse e Hábitos de Uso de Equipamentos Elétricos (PPH) na Classe Residencial, e esses dados são utilizados para mapear as políticas nacionais de eficiência e conservação de energia.


Para o setor da habitação, a sensibilização dos arquitetos e engenheiros refere-se ao comportamento dos residentes e aos seus padrões de consumo de energia. O primeiro passo consiste no arquiteto ter uma compreensão avançada do consumo de energia dentro de uma residência e os motivos desse consumo.


Considerando a média mensal de consumo de energia elétrica residencial no Brasil, será que você está na média ou está economizando energia? Na tabela abaixo apresentamos o resultado da pesquisa da Procel.

Mês do ano

Média de consumo de uma família (kWh)

Janeiro

155,34

Fevereiro

159,32

Março

160,18

Abril

156,24

Maio

158,41

Junho

160,39

Julho

154,01

Agosto

160,74

Setembro

162,47

Outubro

159,61

Novembro

164,85

Dezembro

165,25

A partir do mapeamento do consumo, precisamos entender os motivos do consumo de energia, para entender onde é possível ter medidas de conservação de energia em termos de uso cuidadoso pelos residentes. Quando olhamos a região SUL, o principal consumo de energia elétrica é de climatização artificial, respondendo por 32% do consumo total, seguido por chuveiro elétrico e refrigeração, com 25% e 23% respectivamente.


Participação dos eletrodomésticos no consumo residencial na região Sul. Fonte: Eletrobras.

Conforme Lamberts, Dutra e Pereira (2014), o alto consumo energético para climatização artificial deriva do desenvolvimento social e econômico do país nos últimos anos, a diminuição dos preços de eletrodomésticos e a construção de edificações que não levam o clima em consideração, obrigando os usuários a usarem climatização para suportarem o calor ou o frio dentro de casa.


Ainda sobre o uso de climatização, a pesquisa da Eletrobras aponta que 95% do uso do aparelho condicionador de ar é utilizado para aquecimento no Rio Grande do Sul. O mesmo estudo também evidencia que 92,32% das edificações residenciais analisadas utilizam energia elétrica para aquecimento de água para chuveiro, possuindo um tempo médio de banho de até 10 minutos diários, com 4 banhos em média por residência.


Sabemos que o consumo de chuveiro elétrico pode ser minimizado com uso de equipamentos eficientes de aquecimento solar, porém, o consumo de climatização e iluminação são diretamente influenciados pelas escolhas na hora de projetar e representam que o usuário vai passar o resto da vida climatizando sua casa.


Nesse sentido, é importante compreender que a eficiência energética começa a existir quando diminuímos o uso de energia sem diminuir a qualidade de vida das pessoas, ou seja, não precisamos diminuir o consumo de climatização apenas desligando os aparelhos e aumentando o sofrimento dos usuários, mas sim, diminuindo a necessidade de utilizar a climatização para ter o conforto necessário.


E como podemos fazer isso?


Entende-se que a energia mais barata que existe, é aquela que não é necessário utilizar.


As estratégias de eficiência energéticas nas edificações envolvem inicialmente compreender o consumo e como o projeto arquitetônico bioclimático adaptado ao local pode diminuir esse consumo. O próximo passo é a utilização de equipamentos altamente eficientes e, por fim, uso de energias renováveis. É obrigatório seguir essa ordem de importância pois o primeiro passo sempre será diminuir ao máximo a demanda de energia da edificação, e depois suprir a demanda mínima necessária com energia renovável.


As medidas de utilizar equipamentos de alta eficiência energética representam o nível pós ocupação e há muitas soluções disponíveis, como a instalação de equipamentos eficientes, aquecimento de água solar e sistemas de iluminação em LED, por exemplo.


O Brasil possui o O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – Procel que atua diretamente na eficiência energética de equipamentos e edificações, fomentando, por exemplo, ações que transformaram a iluminação pública e residencial em uma iluminação LED de baixo consumo. No ano de 2022 a economia de energia obtida com as ações do Procel alcançou 22,10 bilhões de kWh, o que corresponde ao abastecimento de uma cidade de 11,16 milhões de residências durante um ano e 942 mil toneladas de CO₂ em emissões evitadas.


O potencial de conservação de energia no setor de edificações no Brasil é grande, estimado em 30% no retrofit de edificações existentes e pode superar 50% em novas edificações concebidas desde a fase inicial do projeto voltadas à eficiência energética.


Aqui na LABZEB somos especialistas em projetar com metodologias de simulação que garantem maior eficiência energética e conforto ambiental. Auxiliamos projetistas a utilizarem as vantagens da simulação computacional em seus projetos também!

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