Durante muitos anos, nos cursos de graduação e de especialização, o arquiteto aprende a dominar a técnica e a arte da profissão. Mas não existe, em geral, um aprendizado formal para transformar esses conhecimentos em um negócio.
Se você está concluíndo seus estudos esse ano e parou pra pensar no seu início de carreira, esse artigo é essencial para seus próximos passos.
A maioria dos profissionais, ao começar a trabalhar com arquitetura por conta própria, não se preocupa com a gestão do seu negócio, apenas em executar tarefas diárias de projeto e acompanhar suas obras. Desse modo acabam não criando uma empresa, mas sim, um emprego para si próprio que em pouco tempo deixa de ser sustentável financeiramente e mentalmente.
O negócio “escritório de arquitetura” está baseado na prestação de serviços
diretamente às pessoas físicas, às empresas ou ao governo, que buscam os serviços
de arquiteto para suas demandas de projeto e de obra civil. Neste sentido, os serviços
prestados por um escritório de arquitetura vão desde a consultoria e o
desenvolvimento de projetos arquitetônicos e de arquitetura de interiores, podendo
chegar à coordenação de obras, de paisagismo e de planejamento urbano, entre
outros serviços relacionados ao exercício profissional. Você pode conferir todas as áreas de abrangência profissional na RESOLUÇÃO N° 21, DE 5 DE ABRIL DE 2012.
Para atuar como arquiteto em um escritório de arquitetura é necessário o registro junto
ao CAU do seu estado ou do Distrito Federal para habilitar a atuação em todo o território nacional. É isso mesmo, o cadastro ao CAU permite atuação em qualquer estado do país, sem ser necessário nenhum cadastro exclusivo em estados ou prefeituras para permitur sua atuação. Mas lembre-se, alguns municípios exigem que o profissional que prestará serviços na cidade tenha Alvará para arrecadação de impostos relativos a prestação de serviços, mesmo que não tenha endereço físico na cidade. Por isso, informe-se no setor de tributação antes de encaminhar projetos para aprovação.
Mercado na Arquitetura
A área de atuação do arquiteto urbanista é ampla, mas para empreender você deve pesquisar a realidade do lugar onde você vai abrir sua empresa em quais mercados você tem mais afinidade. Dados do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR) do ano de 2023 revelam que existem 230.782 profissionais registrados no Brasil, e 39.163 empresas registradas, sendo São Paulo a cidade com o maior número de profissionais.
Dados de 2022 da Datafolha em parceria com o CAU demonstram que, dentre 50 milhões de brasileiros que já fizeram obras de reformas ou construção, 82% não contrataram serviços de profissionais tecnicamente habilitados, arquitetos ou engenheiros. São obras irregulares, sem registro de projeto e execução. Esses dados revelam um grande mercado em potencial que deve ser explorado pelos profissionais.
Em 2022 eram 10 milhões de brasileiros que contrataram serviços de arquitetos e urbanistas. Isso representa 10% da população economicamente ativa. Em 2015, esse índice era de 7%. Significa que cerca de 3 milhões de pessoas a mais passaram a contratar arquitetos e urbanistas para obras de construção, reformas e outros serviços. De 2016 a 2021, serviços de arquitetos e urbanistas cresceram quase 20%.
Existe no país um grande potencial de crescimento da demanda por arquitetos e urbanistas. A pesquisa Datafolha revelou que 73% da população considera um dia contratar serviços de arquitetura. O principal objetivo com a contratação de um arquiteto é o de realizar um projeto para construção ou reforma. Esse foi o motivo para 56% das pessoas que contrataram os serviços de um arquiteto. Organização e decoração de ambiente residencial ou comercial vêm em segundo lugar, com 15%. Confira a lista:
A maioria dos clientes são homens (61%), pessoas das Classes A e B (59%) e que vivem da Região Sudeste (51%). Um dado interessante da pesquisa é que a contratação de arquitetos acontece por pessoas de todas as idades, com quase a mesma proporção em todas as faixas etárias.
As principais características dos arquitetos, conforme a percepção dos entrevistados, são: tecnologia, criatividade, competência e visão de futuro. Aproximadamente oito em cada dez dos entrevistados perceberam essas qualidades nos profissionais da área. Você pode conferir mais dados dessa pesquisa clicando aqui.
Agora que você conheceu alguns dados de mercado, está confiante em empreender na arquitetura e urbanismo? Há muitas formas de atender a essa grande demanda de serviços, sejam clientes finais, empresas ou organizações públicas. E a profissão de arquitetura e urbanismo envolve muito mais do que ser apenas criativo.
Abrir uma empresa é ter um propósito
O Ministério da Economia divulgou o Boletim do 2º quadrimestre de 2023, onde foram abertas 1.382.708 empresas, um aumento de 3,7% em relação ao primeiro quadrimestre de 2023. O Brasil é um país empreendedor e abrir uma empresa nasce de um sonho, mas a realidade precisa fugir de qualquer ilusão. Empreender é ousar, transformar o presente e projetá-lo no futuro, sair do lugar comum.
A vida do empreendedor é uma gangorra e continuar com o mesmo ânimo de quando você entrou na faculdade e escolheu estudar arquitetura e urbanismo depende do seu propósito. Sua empresa não tem que ser só mais um negócio no mercado entre tantos escritórios que já existem, ele tem que ser o escritório. E o que o diferencia é o seu propósito.
Toda empresa precisa de um propósito, que são os valores em que você acredita e que implementa para criar a cultura do seu escritório.
Pode ser ligado à inovação, sustentabilidade, colaboração, qualidade de vida, valorização patrimonial, segurança. Enfim, há inúmeros motivos e isso é uma escolha pessoal, tem que encontrar aquilo que tem a ver com você.
Ter um propósito não é apenas entender o que sua empresa oferece, mas como você pode fazer a diferença para a sociedade.
Esse é o primeiro passo para as pessoas ao seu redor - clientes, funcionários, fornecedores - se conectarem e se identificarem com seu trabalho e acreditarem no que você apresenta.
Se você nunca pensou nisso, essa é a hora! Comece perguntando-se o que desperta sua paixão na arquitetura? Como você pode colaborar para que as pessoas vivam melhor? Como seu negócio pode ajudar a sociedade ao seu redor?
Por onde começar?
Agora que você definiu seu propósito, vamos dar algumas dicas essenciais para os seus primeiros passos profissionais.
Empreender é administrar, gerir uma empresa com dados, é ir muito além do que você aprendeu na faculdade. A universidade te ensinou a ser criativo, a ser projetista ou calculista, mas dificilmente a ser empreendedor. Olhe para sua situação atual e pense: Como você pretende crescer com seu trabalho?
Exigências Legais
A profissão permite que o profissional seja dono do seu próprio negócio. Para abrir uma empresa, o empreendedor poderá ter seu registro de forma individual ou em um dos enquadramentos jurídicos de sociedade. Um contador legalmente habilitado para elaborar os atos constitutivos da empresa e conhecedor da legislação tributária poderá auxiliar nesse processo. Para abertura e registro da empresa, é necessário realizar os seguintes procedimentos:
• Registro no CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil) - registro e
responsabilidade técnica de profissional responsável regularmente inscrito no conselho
da profissão e registro do escritório. Ou seja, serão necessários dois registros, um pessoal e um jurídico, e isso inclui duas anuidades ao conselho;
• Registro na Junta Comercial da sua cidade;
• Registro na Secretaria da Receita Federal (CNPJ);
• Registro na Prefeitura Municipal, para obter o Alvará de Funcionamento;
• Para a instalação do negócio, é necessário realizar consulta prévia de endereço na
Prefeitura Municipal sobre a Lei de Zoneamento;
• Fique atento a Lei nº 123/2006 (Estatuto da Micro e Pequena Empresa) e suas alterações estabelecem o tratamento diferenciado e simplificado para Micro e Pequenas
Empresas. Isso confere vantagens aos empreendedores, inclusive quanto à redução
ou isenção das taxas de registros, licenças etc.
IMPORTANTE: Arquitetura e Urbanismo não pode ser MEI! Esse tipo de serviço prestado por arquitetos, engenheiros e profissionais intelectuais não consta na lista de atividades permitidas por esse modelo de negócio.
Outro equívoco neste momento inicial é manter uma conta bancária única para seu trabalho e para sua vida pessoal (68% dos profissionais não possuem conta jurídica) pois normalmente não possuem ainda um CNPJ (90% dos profissionais do setor não possuem CNPJ).
Ao optar por ter seu próprio escritório, saiba que deverá focar seu tempo em descobrir, por exemplo, sua produtividade, quem serão seus clientes iniciais, quem serão os parceiros chave para entregar seus serviços, qual o custo da sua hora de trabalho, qual o custo médio da sua concorrência, tudo isso deve ser mapeado antes de ter ideias criativas para a decoração da sua sala comercial. Também é fundamental ter um mapeamento das suas despesas fixas e variáveis, para compor corretamente o preço dos seus serviços.
A ferramenta visual Business Model Canvas é uma das principais para empreendedores e empresas criarem novos negócios e mapearem todas essas questões de forma rápida, permitindo visualizar pontos cegos que o empreendedor ainda não resolveu. O grande responsável por tudo isso chama-se Alexander Osterwalder, também criador do método "Canvas de Proposta de Valor" e "Mapa de Portfólio".
O Canvas serve para descrever, visualizar, avaliar e alterar um modelo de negócios:
Ao olhar para o Canvas é possível compreender rapidamente sobre que tipo de negócio se trata;
É possível ter compreensão do todo baseado em uma análise dos blocos e da interação entre eles;
O formato estimula a cocriação e o envolvimento de várias pessoas, ligadas ou não ao negócio, a fim de apoiar, ajudar, colaborar na construção e análise do modelo;
Ele também é uma forma para evidenciar e planejar a validação das hipóteses que sustentam o negócio.
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