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Foto do escritorMarcos Vinícius de Lima

Eficiência hospitalar: Conforto é saúde

Neste Dia do Hospital, vamos falar sobre como as condições de conforto são essenciais para garantir o bem-estar dos pacientes e a funcionalidade dos espaços. Como arquitetos, é fundamental compreender e integrar esses conceitos no processo de design e construção.



Ao contrário da sensação de desconforto, o conforto humano não é uma percepção facilmente mensurável. Resultado da harmonia de vários condicionantes ambientais (higrotérmicos, acústicos, visuais, olfativos, da qualidade do ar, entre outros) e fisiológicos (metabolismo, idade, etc.), essa sensação deve propiciar a integração dos usuários a seu meio, possibilitando a otimização do seu desempenho em suas atividades.


A origem do substantivo conforto é o verbo confortar, do latim cumfortare, derivado de cum-fortis e tem a mesma origem que "força". Levar "força" significava consolar, apoiar, aliviar dor ou fadiga. No livro Casa: pequena história de uma ideia (Editora Record, 1999), o arquiteto escocês Witold Rybczynski apresenta o momento aproximado em que o termo comfort, em inglês, passa a referir-se ao ambiente da casa na Inglaterra rural do início do século XIX, embora a origem da palavra tenha referências de utilização na França do século XIII, mesmo período em que passa a ser utilizada na língua portuguesa e com o mesmo significado.



Outras referências sobre sua origem são fundamentais para a compreensão conceitual dos ambientes saudáveis. Dentre essas definições destaca-se a característica de multidimensões apresentada por Keith Slater. Para ele, conforto é “um estado prazeroso de harmonia fisiológica, física e psicológica entre o ser humano e o ambiente”.



Ao tratar de ambientes assistenciais, a enfermeira anglo-italiana Florence Nightingale participou da Guerra da Crimeia, atual Turquia, entre 1850 e 1854 e assumiu a gestão assistencial aos feridos no Hospital Militar de Scutari, obtendo importantes resultados na recuperação dos pacientes e no controle de infecção em geral. Ela tratou a questão do conforto em edifícios hospitalares em seu livro Notes on hospitals (1863) com abordagens sobre a importância dos cuidados com a iluminação, temperatura, umidade, além da segurança do paciente.


A seguir, três destaques do livro escrito por Florence Nightingale em 1863, sobre as preocupações e cuidados entre arquitetura e a vida humana:


  • I – Agora vejamos como a luz é tratada por alguns médicos do povo e por ignorantes enfermeiras. Em nove de cada dez casos, selvagens médicos baixarão metade das persianas, deixando as janelas cegas; outros fecharão as janelas, enquanto uma enfermeira ignorante provavelmente vai fechar o restante das persianas ... [e depois] ... cirurgiões civis, também, tratarão a luz como se fosse um inimigo. Na raiz de todas essas falácias populares, afirmo que cada ala de pacientes internos deve ser inundada pela luz do sol e, por conseguinte, que as janelas devem ocupar uma parte importante do espaço da parede em todos os hospitais.

  • II – Um arquiteto que não tenha submetido a si próprio a ter familiaridade com as condições da atmosfera interna, por exemplo, de enfermarias lotadas de hospitais mal construídos naquelas horas do dia ou da noite quando a insuflação e exaustão do ar é difícil para pacientes e enfermeiras não está qualificado para formar opinião sobre ventilação de enfermarias.

  • III – Nenhuma enfermaria é, em qualquer sentido, uma boa enfermaria quando os doentes não são abastecidos em todos os momentos com ar puro, luz e uma temperatura adequada. Estes são os resultados a serem obtidos da arquitetura hospitalar, e não a fachada ou aparência. Novamente, nenhum destes elementos precisa ser sacrificado no intuito de obter outro. E quem se sentir em dificuldades para atender a estes três requisitos pode descansar tranquilo, pois a arquitetura hospitalar não é a sua vocação.


De modo geral, o conceito de conforto é apresentado vinculado a uma das sensações fisiológicas humanas: térmica, tátil, auditiva, visual, olfativa e do paladar. Mais recentemente, desde a metade do século XX e decorrente dos estudos sobre o mobiliário e as estações de trabalho e sobre o impacto das condições fisiológicas e biomecânicas, bem como dos referenciais antropométricos, a ergonomia surge como uma ciência a promover importantes contribuições ao conforto, à saúde, ao bem-estar e à segurança.


Polyclinic Split, Croácia. Esquema de uma janela que permite ventilação, iluminação natural e visuais do paciente para o jardim externo.

Outro aspecto que merece destaque na consideração da sensação de conforto se refere à abordagem da individualidade humana com que o conforto deve ser tratado. O conforto é uma sensação individual e está diretamente vinculado às características fisiológicas, além de ser uma exigência da condição humana, pois “o homem tem melhores condições de vida e de saúde quando seu organismo pode funcionar sem ser submetido à fadiga ou estresse, inclusive térmico”. Criar condições de conforto, portanto, é um desafio para combinar os valores de equilíbrio para cada usuário, particularmente ao lidar com os edifícios de saúde, onde demandas de temperatura, ruídos e iluminação apresentam condições distintas.


A fisiologia humana processa involuntariamente ajustes que influenciam no processo de aumentar ou diminuir as taxas de perda de calor ou outras sensações, como luminosidade ou absorção de ruídos. Compreender essa fisiologia e as limitações humanas de cada indivíduo para relacionar esses ajustes à capacidade funcional é uma abordagem importante deste trabalho.


Os referidos componentes ambientais podem ser expressos em seus aspectos negativos para a condição humana, podem até “causar efeitos de dores, tensão, adoecimento e morte”, segundo o arquiteto e professor húngaro Victor Olgyay. Ao mesmo tempo, este autor também afirma que se pode alcançar a “máxima eficiência na produtividade, saúde e energia mental e física” por meio dos mesmos componentes ambientais.


Sustentabilidade e Bem-Estar


A sustentabilidade e o bem-estar estão intrinsecamente ligados no contexto hospitalar. Espaços verdes, como jardins terapêuticos, não apenas melhoram a eficiência energética, mas também proporcionam um ambiente relaxante para pacientes e funcionários. Estudos mostram que a presença de áreas verdes pode acelerar o processo de recuperação dos pacientes, reduzindo o tempo de internação e melhorando os resultados de saúde.


Em suma, o conforto ambiental e a eficiência energética são pilares fundamentais no design de ambientes hospitalares. Ao priorizar esses elementos, os arquitetos podem criar espaços que não só promovem a recuperação dos pacientes, mas também são sustentáveis e economicamente viáveis. Com uma abordagem holística e integrada, é possível transformar os hospitais em verdadeiros santuários de cura e eficiência.


Espaços verdes, como jardins terapêuticos, não apenas melhoram a eficiência energética, mas também proporcionam um ambiente relaxante para pacientes e funcionários. Estudos mostram que a presença de áreas verdes pode acelerar o processo de recuperação dos pacientes, reduzindo o tempo de internação e melhorando os resultados de saúde.


Estudo de Caso - Polyclinic St (Croácia)



Esta foi uma clínica desenvolvida para um concurso de projetos na Croácia, na cidade de Split. A empresa responsável foi a 3LHD architects.


Esse projeto é um belo exemplo de uso da arquitetura como forma de humanizar os ambientes hospitalares com estratégias de conforto ambiental.


O uso dos brises envelopando a massa edificada e dos jardins se justificativa no conceito de sustentabilidade com baixo consumo energético para manter níveis adequados de temperatura do ar, nível de ruído, luminosidade dos ambientes e renovação da qualidade do ar interno do edifício.


Os brises são integrados com sistemas de esquadrias com fechamento em vidro translúcido móvel, tornando o edifício adaptativo e mais saudável e confortável aos usuários.






O sistema de climatização artificial foi previsto no projeto, localizando pontos sobre o forro de gesso, para casos extremos onde seja necessária complementação da temperatura ambiente.


Os brises possuem diferentes inclinações, dependendo da intenção em relacionar o sol/vento com determinado ambiente, onde transmitem as intenções das visuais proporcionadas ao expectador, protegendo da insolação e permitindo iluminação natural indireta (sem ofuscamento) e renovação controlada do ar, através das bandeiras nas esquadrias.


Vegetação sempre presente no edifício e seu entorno além do conforto visual, da melhora na qualidade do ar, ainda servem como barreira de ruídos externos.


Para conferir o estudo de caso em detalhes com plantas, cortes e análises do partido arquitetônico, você pode baixa no link abaixo:



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